24/09/2023

 Eu comecei nesse mundo da infertilidade no início de 2016, quando depois de um ano de tentativas naturais, nada aconteceu.

De lá pra cá, muita coisa mudou. 

Meu milagre aconteceu. Minha pequena tem 5 anos e meio e é a luz da minha vida. Sem dúvida nenhuma é por ela que eu levanto da cama todas as manhãs e que me esforço para ser uma pessoa feliz e otimista.

Ela que me diz que eu sou linda de qualquer jeito, que chora sempre que eu saio, que diz que me ama mil vezes por dia, que ama ficar literalmente grudada comigo. Ela é meu maior sonho realizado, pra mim, a prova de que Deus existe.

Mas... Minha relação com Deus não tem sido das melhores nos últimos anos. Tem sido distante, um tanto conturbada. Eu simplesmente não entendo os caminhos dele.

Escutei e li muitas vezes a frase "Deus não nos dá um sonho que não possa realizar". E o desejo da maternidade continua tão forte em mim! Mas até hoje, o segundo filho não veio. São 3 anos e meio de tentativas. Todos os meses de forma natural. Duas FIVs, uma TEC de embrião aneuplóide obviamente sem sucesso e 2 TECs de embriões com óvulos doados, euplóides, 100% negativas.

Quando parti para ovorrecepção aos 38 anos, achei que fosse a solução de todos os meus problemas e meu segundo filho chegaria ali. Porque afinal, eu sabia que era capaz de gestar e meu problema era conseguir bons óvulos e embriões. Mas não foi bem por aí... Na primeira TEC negativa eu fiquei muito muito triste. Não entendi porque aquilo aconteceu. Meu casamento estava ruim, estávamos cada vez mais distantes e eu cada vez mais infeliz. 

Quando nos acertamos, decidimos transferir aquele último embrião. Eu me sentia completamente pronta, preparada. Como se tudo que estava errado tivesse se resolvido e até o médico da acupuntura me disse que eu estava transferindo no momento certo, porque ele sentia o quanto eu estava bem. E mesmo assim, tudo deu errado.

Não vou usar a expressão "meu mundo desabou" porque não é  verdade. Meu mundo continuava ali. Loiro, lindo, me chamando de mamãe e enchendo minha vida de cor. Os dias cinza vieram, mas a luz dela é tão forte e radiante, que logo meu sol se abriu de novo. Mas tive dias de choro, de isolamento, de brigas com Deus, de não me conformar. O mundo teve dois filhos, teve 3, teve 4 filhos. O mundo ao meu redor engravidou naturalmente de gêmeos, o mundo ao meu redor escolheu quantos filhos ter, como a família deles deveria ser. Eu não. Quem escolheu o tamanho da minha família foi a minha infertilidade. 

O que pegou muito forte, foi que meu marido havia decidido que aquela seria nossa última tentativa. Como eu acreditava muito que óvulos doados era a solução, e que aquilo daria certo, concordei. 

O ano de 2022 foi horrível pra mim. Depois das TECs negativas, recebi o diagnóstico de uma doença auto imune hepática (do fígado) que pode me levar à cirrose. Tivemos uma mudança enorme de cidade, que apesar de eu ter sido a favor, a nova realidade foi um baque pra mim. Um baque emocional, um baque financeiro. Meu ano terminou da pior forma possível. Infeliz, desanimada, sentindo que faltava alguma coisa.

Passei 1 ano e meio após a última TEC tentando me conformar com a idéia de ter apenas um filho. A minha filha maravilhosa. Ás vezes me pego usando a expressão família incompleta, mas essa não é a verdade. Minha filha preenche todos os espaços do meu coração. Eu sou completa de amor. Mas mesmo assim, eu desejo muito reviver tudo. 

A frase mais perfeita que encontrei foi de uma paciente do Dr. Rodrigo Rosa que disse "o primeiro filho foi meu milagre. O segundo filho me curou." Eu não me sinto curada. Me sinto imperfeita, quebrada, menos mulher. Eu recebi um milagre, mas continuo infértil. 

Todas as vezes que tentei falar sobre o assunto com meu marido, ele me tratou mal. Foi seco, grosso, ríspido. Deixou bem claro que nunca mais faria uma FIV. Até que cheguei num ponto que não aguentei mais. Vi que isso não sairia do meu coração enquanto não esgotasse todas as minhas possibilidades. Disse a ele que tentaria de novo, muitas vezes. E que ele poderia não fazer parte disso, mas eu esperava que mudasse de idéia. Ele mudou.

O medo dele não é do segundo filho. É da minha dor, do meu sofrimento. Dos dias cinzas. 

E aqui estou eu, me preparando pra recomeçar. E recorrendo a esse diário, para tentar falar dos sentimentos, para chorar sozinha, para me acalmar e não demonstrar tudo aqui em casa.

Mas pra quem acha que eu deveria curtir mais a minha filha e sofrer menos por um segundo filho... Eu só posso dizer que eu curti cada segundo da vida dela até agora. Eu curto cada minutinho, de quando ela acorda até quando vai dormir. O cheiro, a conversa, os aprendizados, as risadas. Amamentei até 5 anos!! Até hoje nunca passei mais do que uma noite longe dela. Eu tenho certeza mais do que absoluta de que seria impossível ser mais presente do que já sou e nunca terei nenhuma crise do tipo "perdi essa fase tão linda dela...". Não perdi e jamais perderei qualquer coisa do presente mais lindo que recebi nessa vida. 

Logo estarei aqui de novo. Essa semana é minha consulta para reinicinar os tratamentos. 

24/06/2021

Será que um dia isso muda?

 Sumi por quase 3 anos.

Acho que não tinha muita coisa pra contar e perdi o hábito de escrever pra ninguém, como um diário.

Mas esses dias tenho sentido uma necessidade enorme de colocar meus sentimentos pra fora - já faço terapia 1x semana, mas acho que não está sendo suficiente.

Minha princesa já fez 3 anos. Ela é incrivelmente linda, amorosa, extremamente apegada a mim, inteligente, esperta. É realmente uma benção na minha vida. 

Ainda amamento. Ja são 3a4m de amemtação e não consigo ver o final dessa história. Ela ama o mamá da mamãe, se acalma com ele, dorme com ele e chora sempre que eu nego. Eu não sei lidar com o choro dela e simplesmente não encontro forças pra encerrar essa etapa. Eu queria muito um desmame natural, 100% guiado por ela, mas até o momento, ela nem deu sinais disso.

Quando minha pequena fez 2 anos, eu menstruei pela primeira vez depois do nascimento dela. Até aquele momento, a idéia de um segundo filho não passava pela minha cabeça. No início era principalmente porque cuidar dela e trabalhar fora me deixava exausta. Ela nunca dormiu bem, sempre cuidei sozinha dela nas madrugadas, adoeci algumas vezes por conta disso... Mas apesar do cansaço não ter melhorado tanto, com o tempo eu me acostumei a ele. E comecei a pensar que um segundo filho seria uma coisa muito feliz na minha vida.

E voltei a fazer teste de ovulação e ter a esperança todos os meses de uma gravidez natural.

Queria entrar naqueles casos incríveis de mães que tentaram anos, fizeram FIV e depois absolutamente do nada, engravidaram naturalmente. 

Não foi o meu caso.

Meu marido não queria outra FIV e eu não queria considerar a idéia de não tentar. Depois de alguns meses, entramos num acordo: tentaríamos 2x - eu pagaria uma e ele a outra.

E setembro de 2020, fiz uma coleta. 5 óvulos. Consegui 2 blastocistos. Ambos aneuplóides. Fiquei muito triste, demorei alguns meses pra querer tentar de novo, mas pensava "é só questão de conseguir um normal!".

Daí optei por mudar de clínica, pra uma mais barata e poder com o valor de uma na atual, fazer duas na mais barata.

Em março de 2021, fiz uma nova indução. 3 óvulos. Nenhum embrião. Nada nem para testar. 

Meu mundo caiu. Dessa vez fiquei mal. Conclui que talvez não seja questão de encontrar um normal. Talvez eu não consiga nenhum normal. 

Eu tenho 38 anos. Minha reserva ovariana atual é horrível. Meu AMH é 0.44. Eu fui sortuda demais com a Malu e achei que talvez isso pudesse acontecer de novo.

Eu resolvi tentar transferir um dos embriões aneuplóides. Li muito a respeito, vi casos de sucesso, falei com geneticistas e resolvi arriscar. Ganhei um negativo, de cara. 

Durante esse ano e meio de tentativas, eu me apoiei na minha filha pra conseguir ainda ser grata a Deus. Mas confesso que minha fé anda muito abalada e eu não entendo porque tenho que passar por isso.

Já sofri tanto pra tentar engravidar pela primeira vez... Não foi suficiente? Por que todas as pessoas simplesmente resolvem quantos filhos querem ter e eu não posso ter esse sonho? 

Sei que pra quem ainda não tem nenhum filho, eu pareço egoísta. Deveria apenas agradecer - e eu agradeço, muito, muito, todos os dias. Agradeço em todos os momentos que estou com a minha filha. Não existe nada nesse mundo que eu ame mais. Nada que me traga sentimentos tão maravilhosos. 

Mas a infertilidade me mudou. EU não sou e nunca mais serei a mesma. Não sou igual às outras mães. Nem igual às outras mulheres.

Meu coração sonha viver tudo de novo - de uma forma mais leve, mais tranquila, em que eu consiga curtir todos os momentos. Minha gestação não foi tranquila. Meu parto não foi tranquilo. Minha maternidade também não foi. Quero experimentar isso, com o coração que eu tenho hoje. 

Não sei meus próximos passos. Não sei se tentarei de novo, ou quando.

Mas meu coração ainda não conseguiu apagar esse sonho. 


14/08/2018

Vontade de escrever e contar muitas novidades

Resumo dos últimos vários meses:

32 semanas - sofremos um pequeno grande susto. Um cachorro grande correu atrás para pegar minhas cachorrinhas (que tem 2kg e são minhas filhas mais velhas!), eu sai atrás do cachorro, em pânico, e acabei levando um tombo. Consegui me apoiar com joelho e mãos no chão e com a graça de Deus não bati a barriga e nada mais grave aconteceu. Marido desesperou, mas minha pequena continuou mexendo normalmente, e eu ganhei roxos, ralados e um joelhoe mão doloridos por algumas semanas.

35 semanas - um novo susto, dessa vez mais preocupante. Fazia várias semanas que não fazia US (acho que quase uns 2 meses) e fui tranquilamente fazer mais um, a pedido do meu obstetra. Mas durante todas as medidas, foi constatado que havia um atraso considerável de crescimento e ela estava medindo cerca de 3 semanas menos do que as 35 que eu estava. Isso enquadrava minha pequena no percentil 15 de peso. Mais um pouquinho seria considerado Crescimento intrauterino restrito... Quem parar pra pesquisar sobre isso verá que existe um risco aumentado de problemas respiratórios e necessidade de UTI neo nesses casos... Chorei por 24h, achando que algo muito errado poderia acontecer. Reduzi a jornada de trabalho, parei de viajar (viajava e atendia por 8h 2x semana e o restante atendia a tarde toda) e vi na internet que Ensure (tipo um sustagem mais top!) ajudou algumas mães com casos semelhantes... E lá fui eu tomar o sumplemento hipercalórico! Não sei se fez alguma diferença, mas em 2 semanas minha bebê tinha ganhado 600g e já estava bem longe da possibilidade de CIUR!

Eu decidi por esperar o momento dela, fosse parto normal ou cesárea, ela iria decidir quando nascer. No dia em que completava 39 semanas, no meio da madrugada de Carnaval, senti a primeira contração verdadeira. E logo depois a segunda... E uma vontade de fazer xixi! Quando fui no banheiro, sangue... Comecei a tremer, liguei pro meu médico e fomos direto pra maternidade. O sangramento continuou... A bolsa rompeu e a cada contração, descia um líquido vermelho... Fizemos cardiotoco e não tinha nada de errado com ela. Mas o sangue assustou todo mundo, incluindo a plantonista que me atendeu quando cheguei lá. Aguardamos algumas horas (e me deixaram conectada ao aparelho de cardiotoco o tempo todo!), fomos pro centro cirúrgico e ali, em poucos minutos, minha bebezinha nasceu. Chorando, grande, com um peso lindo (49,5cm, 3225g!). Mamou na primeira hora...

Muita coisa aconteceu depois desse dia (que já faz 6 meses!) e eu pretendo contar num outro post. Mas hoje, quando paro pra olhar pra ela, fico ainda impressionada e maravilhada por poder viver a maternidade depois de todo sofrimento que passei pra chegar até aqui. Ela é a resposta a todas as minhas orações, é muito mais do que pedi pra Deus. Serei eternamente grata por poder viver tudo isso!

Um beijo,

16/10/2017

E chegamos a 22 semanas

E depois de 10 semanas, resolvi aparecer por aqui.

Com boas notícias.

De lá pra cá, as coisas caminharam bem. Quer dizer, depende do ponto de vista, mas pensando na saúde da pequena, posso dizer que está tudo ótimo.
Fizemos um US com 13 semanas, outro com 17 e outro com 21. O de 13 foi um morfológico completo, que foi a primeira vez que consegui acreditar que estava grávida e tem um serzinho se desenvolvendo aqui dentro. Com 17 foi por solicitação do obstetra o que foi bom, porque viajamos de férias na sequência e me tranquilizou saber que estava tudo ótimo. E com 21... Bem, daí foi porque eu sou louca mesmo e encanei que ela não estava se mexendo como nos outros dias.

Resumo da vida:

1- Sintomas: mantive enjoos, vômitos, intolerância alimentar até 18 semanas. Todo mundo diz que passa com 12, mas pra mim isso foi uma grande mentira. Achei que nunca fosse me sentir confortável, que jamais conseguiria me sentir feliz durante a gravidez. Mas há 3 semanas os sintomas melharam muito!! Voltei a consumir leite e derivados numa boa, os enjôos só ocorrem quando eu fico sem comer por mais do que duas horas e não vomitei mais.

2- Fome: essa em compensação, pegou pesado por aqui. Eu tenho MUITA fome. Como a cada 2h no máximo e logo em seguida já estou com fome. Minhas porções não aumentaram, mas a frequência com que eu passei a me alimentar é infinitamente maior do que antes. Conclusão: engordei 2,5 kg em 15 dias de férias.

3- Férias: fomos para os EUA e aproveitamos pra comprar o enxoval. Não rolou nada de consultoria - foi listinha e pesquisa de preços. Não compramos nada demais, foi o básico mesmo. Roupinhas até 1 ano (e em número relativamente reduzido, acho que corro o risco de ter que comprar mais coisas aqui pelo que todo mundo tem me falado...), carrinho, babá eletrônica e itens de higiene e amamentação.
Não compramos nada caro, porque se for pra gastar bem, prefiro comprar com calma e aí não faz diferença se é aqui ou lá.
Parece coisa de gente rica, mas pra gente, foi prático e econômico. A gente já tinha comprado a passagem antes da FIV e combinamos de que se desse certo, aproveitaríamos pra comprar o enxoval e se desse errado, pra descansar a cabeça e o coração.
Não entramos em lojas caras, foi o básico de Carters, Target, e algumas peças mais gracinhas na Gap Baby.
Carrinho compramos um da Chicco chamado Bravo, que já vem com o bebê conforto. E a babá foi o marido que pesquisou e optou por uma da Motorola.

4- Evolução da gravidez - por aqui ganhamos aproximadamente 4,5kg. Inicialmente eu não tinha engordado praticamente nada, 2 kg em 4 meses e estava bem feliz com isso. Mas na viagem, comi como uma louca e a comida de lá é sempre mais pesada, mais gorda... Então, em 15 dias acabei ganhando mais 2,5kg!!
Estou bem sedentaria. Pensei em começar algum exercício físico, mas de uns 10 dias pra cá, além de uma gripe horrível, passei a ter muita taquicardia. Fico com a frequência entre 120-130 aos mínimos esforços (como levantar do sofá por exemplo), então acabei desistindo por enquanto. A alimentação é zero regrada - como muita fruta e muita verdura, mas como de tudo o resto. Sou magra de natureza, nunca fui de comer muito, então as minhas porções ainda são pequenas, mas como eu tenho que comer a cada 2h, acabo comendo muito mais hoje em dia.
A barriga já cresceu bastante e os peitos mais ainda.

5- Minha relação com a gravidez/barriga/minha pequena: eu sou completamente desesperada. Qualquer coisa me preocupa. Olho no papel todas as vezes que faço xixi, pra ver se não tem sangue. Já cheguei a cheirar a minha calcinha várias vezes, porque dizem que líquido amniótico tem cheiro de água sanitária, pra ter certeza que não estou perdendo líquido. Encano se tenho a sensação que meu seio não esta mais tão inchado!
Há 3 semanas, a pequena começou a mexer. É uma sensação deliciosa, me dá uma paz incrível. Mas eu, louca como sou, passei a prestar atenção nisso excessivamente, o que me levou a achar que em determinados dias ela estava mexendo menos e claro, me desesperar. O US com 21 semanas foi por isso e no final, estava tudo bem... Ontem à noite ela estava toda serelepe, consegui até filmar os "chutinhos" que ela dá na barriga.


Acho que consegui dar uma bela resumida. Vou tentar não passar mais 3 meses sem notícias... =)

Um beijo,

06/08/2017

11 semanas e 6 dias

Amanhã completo 12 semanas e vou contar pra algumas pessoas sobre a gestação. Até agora só família próxima (pais e irmãos) e amigos beeem íntimos sabem.

Minha mãe está doida pra contar, minha sogra enlouquecida pra falar pra todo mundo e meu marido se coçando! Rs... Ontem abriu pra um amigão, que ficou extremamente feliz.

Mas a questão é que não me sinto feliz e segura pra contar.

Todo mundo diz que a gestação é um momento lindo e até agora eu não consegui enxergar essa beleza toda.

Sangrei até quase 10 semanas, depois tive um sangramento leve há uma semana, então o medo me domina.

E com 7 semanas comecei com náuseas e uma indigestão absurda. Se não comia, tinha náuseas, mas se comia, passava mal me sentindo cheia como se tivesse comido 2 pratos de feijoada. Com o passar da semana, a indigestão melhorou parcialmente (ainda tenho, mas de 2 pratos, passou pra 1 prato de feijoada!), porém a náusea se transformou em vômitos.

Não consegui determinar um padrão e nem situações que melhoram ou pioram os sintomas.
Alguns dias acordo mal e vomito sem ter ingerido nada! Alguns dias vomito logo após ingerir o primeiro copo de suco do dia e outros só depois do almoço ou do jantar. Outros dias passo mal após todas as refeições e literalmente acabo morrendo de fome. Se não como passo mal, mas se como fico pior ainda!

Meu marido no início era beeem chato sobre medicação. Cada vez que me via tomando alguma coisa, chiava e dizia que as mulheres que ele conversou não tomam nada por fazer mal ao bebê (ele tem muitas funcionárias mulheres onde trabalha)... Eu vivia mal, evitando medicações (1 vonau ao dia no máximo) e com peso na consciência por tomar.

Com o tempo ele parou de me encher o saco. Percebeu que não estava bem, me viu vomitando várias vezes ao dia e conseguiu ficar quieto.

Mas a verdade é que nada nada melhora. Sinto muita dor no estômago (que não é azia), preciso comer a cada duas horas (mas a maioria das coisas não "cai bem"). tenho muita náusea e os vômitos acabam comigo. O efeito do vonau dura 1h, o dramin não melhora nada e me dá um sono horrível e o meclin tomei ontem pela primeira vez e não adiantou nada.

Vários dias eu chorei sentada no chão do banheiro. Eu quero curtir esse momento, mas entre sangramentos e vômitos, ainda não consegui. É triste gente, mas só aqui consigo ser sincera comigo mesma. Amo muito minha filha e agradeço a Deus todos os dias pela sua existência, mas não me sinto feliz nessa etapa da minha gestação.

Com 10 semanas tive dois dias "de folga" e fiquei ao mesmo tempo feliz e insegura, pois achei cedo para os sintomas diminuirem. Mas logo depois tudo voltou, pior do que antes.
Com 11 semanas, melhorou um pouco. Tenho 1 dia de folga e volto a passar mal. Sexta estava relativamente bem, sábado passei o dia no banheiro e hoje fiquei bem, um dos melhores dias.
Saí de casa pela primeira vez (antes só saí pra exames, US e alguns compromissos como renovar o passaporte). Fomos comer no shopping e tudo desceu tãaao gostoso! Claro que estou até agora (faz 4 horas) me sentindo cheia, a barriga bem estufada, mas graças a Deus, nada de náuseas ou vômitos.

Amanhã volto para o trabalho.
Vou começar bem devagar, poucos pacientes por dia, até me sentir bem e confiante de novo.


Ah! Essa semana fizemos a translucência nucal. Eu não estava muito preocupada, pois por termos feito a biópsia embrionária, o risco de Síndromes como Down é mínima. Minha preocupação maior era ter certeza de que ela estava lá, perfeita e com o coração batendo. E estava! Meu marido não consegue me acompanhar em muitos exames, mas neste ele foi e é liiindo ver o quanto ele se emociona.

Se eu posso tirar algo bom de todo esse processo, foi a certeza do quão forte é meu relacionamento, do amor que temos um pelo outro. Amo meu marido com todo meu coração e mesmo com diferenças e problemas, me sinto extremamente amada.

Um beijo,


23/07/2017

Quanto tempo!

Acho que faz praticamente 2 meses que não dou sinal de vida.

É que foi tudo tão difícil e tão complicado, que sentia zero vontade ou coragem de contar por aqui.
Hoje, apesar de tudo muito incerto ainda, me sinto um pouco menos em pânico e a vontade de escrever surgiu.


A Transferência
Dia 02 de junho foi a minha transferência. Foi um dia super tranquilo, eu e o marido estávamos em paz como nunca havia sentido antes. Durou uns 5 minutos no máximo!
Como da primeira vez bebi muuuuita água e o pós foi horrível, dessa vez optei por beber o suficiente pra ter vontade de ir no banheiro, sem estar apertada. Funcionou.
Consegui segurar por 45 minutos após antes de levantar pra fazer xixi. Me deixou mais calma, porque a sensação é que o embrião vai vazar!

Voltamos para o apartamento em que estávamos hospedados e fiquei em repouso absoluto por 24 horas e repouso quase absoluto por mais 24! No primeiro dia nem banho tomei. Sentei apenas pra fazer xixi e comer. No segundo dia ainda tomei banho sentada! Pode dizer que é exagero, mas na primeira tentativa fiz ZERO repouso (zero mesmo!!) e não deu certo, então prometi pra mim mesma que faria diferente nessa tentativa.

O tempo de espera
Desde o D0 tive cólicas. Leves, não precisaria nem tomar remédio pelo incômodo, mas minha médica orientou buscopan de 6/6h e assim eu fiz.
Voltamos de carro para minha cidade no D2, mas vim deitadinha no carro.
Permaneci em repouso relativo em casa no D3 e voltei a trabalhar no D4.

E aí... A surpresa. Eu tenho um milhão de testes de gravidez que comprei no ebay com sensibilidade de 10. E no D5 positivou!! Beeem fraquinho (vou mostrar a foto), mas estava ali. Final do dia fiz um digital e estava lá: grávida 1-2 semanas. Impressionante.

O problema é que isso não me acalmou. Só me deixou mais nervosa ainda.
D6 mais escuro... Fiz um beta (a louca, eu sei!!) - 33. Não encanei com  valor porque ainda era cedo, tudo ok.
D7 mais escuro...
E aí, comecei a sangrar. Inicialmente pensei - ah, é só nidação.
Mas o sangramento aumentou, se tornou vermelho vivo em grande quantidade, de pingar no vaso sempre que fazia xixi.
Eu chorei um dia inteirinho. Chorei muito, tive certeza mil vezes de que meu sonho havia acabado ali, sem entender muito bem porque.
Minha médica aumentou a progestrona, orientou repouso absoluto e colher beta, progesterona e estradiol no D8.
E assim eu fiz. E pra minha surpresa, o beta aumentou muito! De 33, passou pra 88!! Ou seja, estava tudo evoluindo ainda...
Com os dias o sangramento reduziu, se tornou marrom, até parar.
Mas, como nada pode ser muito bom ou muito simples comigo, meus betas não evoluíram como o esperado:
D 6- 33
D8 - 88
D10 - 171
D12 - 296
D15 - 711
Se prestar atenção, verá que tirando em D8, ele nunca dobrou em 48h. Dobrava em 50 e poucas horas, um aumento próximo de 80% em 48h.
Li tudo que vocês puderem imaginar - me convenci que era ectópica (sempre senti mais dor do lado esquerdo), depois anembrionária, depois que simplesmente não iria evoluir.


O Acidente
10 dias depois desse sangramento, voltei a trabalhar.
Primeiro dia, normal.
Segundo dia, sofri um acidente na estrada - rodei na pista e cai na valeta lateral... Primeira coisa que pensei foi: acabou.
Fui correndo fazer um US e o colo estava fechado, saco gestacional no lugar. Mas umas 8h depois, comecei a sangrar. Muito.
E assim foi. Sangrava 24 horas, melhorava por uns 3 dias (reduzia fluxo e ficava marrom) e quando achava que iria parar, voltava a sangrar muito, vermelho vivo. Poucas vezes tinha coágulos, e nessas, meu desespero era maior ainda.

Eu chorei por uma vida inteira durante as últimas semanas.

Os US
Nesse período, vivi a saga dos US.
O primeiro com 5s1d - saco gestacional tópico.
5s 3 dias - saco gestacional, vesícula, embrião.
6s 1d - Embrião com BCF! Isso não me emocionou - juro, eu estava tão apreensiva que achei o BCF meio lento, apesar da médica dizer que estava tudo normal. Porém com descolamento do saco gestacional, de 20% aproximadamente, que deveria ser a causa do sangramento.
7s 1d - Tudo ok, idade gestacional compatível, BCF adequado, porém com 2 áreas de descolamento, pequenas, mas consideráveis. Passei a usar Dactil OB (meu obstetra daqui passou, a médica da FIV disse só repouso) 6/6h.
8 s 2 d - Primeira vez que o marido foi junto. Tudo ok, idade gestacional compatível, BCF perfeito, redução considerável do descolamento! Porém, continuei a ter sangramentos, mas menos volumosos, após evacuar principalmente.
9 sem e 3 dias - Sem descolamento, bebezinha perfeita!

Hoje faz exatos 3 dias que não sangro. Motivo de comemoração, acho que desde o início, foi o máximo de tempo que fiquei.


Amanhã completo 10 semanas.
Muitos sintomas, mas isso conto em outro post, esse aqui ficou gigantesco.

O resumo disso tudo é - mesmo quando tudo parece estar desmoronando, pode ser que ainda tenha sobreviventes embaixo da montanha de entulhos. Dê uma chance e continue procurando.

Um beijo,



29/05/2017

Enfim, eu voltei.

E o tratamento também.

Demorei um tempo longo pra ter vontade e coragem de escrever.

E também porque a vida estava parada.

Meu ciclo durou cerca de 50 dias. Ovulei tardio, mas umas duas semanas depois, a menstruação veio. Claro que sempre tenho esperança de que ela não venha (e que não seja uma menopausa precoce), mas dessa vez, o aparecimento dela foi motivo de comemoração. Poderia, enfim, recomeçar a tentativa de preparo do endométrio.
No 2o dia do ciclo, fiz meus exames laboratoriais e um US. Pra minha infeliz surpresa, minha progesterona ainda estava alta (3,8) e o US mostrava um corpo lúteo ativo, vascularizado, um tanto incompatível pra um fluxo bem intenso. Cheguei a pensar em gestação, mas o teste de gravidez excluiu essa possibilidade. Melhor assim, se fosse positivo, seria certamente um aborto em evolução.

Tentei não me abalar e repeti os exames no 3o dia. Aí sim, tudo bonitinho. Progesterona 0,7 e tudo pronto pra iniciar as medicações.

Protocolo atual: valerato de estradiol, AAS, pentoxifilina.
No 9o dia, fiz um US em outra cidade, com um médico não muito atencioso, que disse que meu endométrio estava em 4,9. Triste, mas mais uma vez, tentei não me abalar, ainda tinha chance de crescer e não confiei muito nesse resultado. Na imagem ele estava bonito, gordinho, trilaminar, então, ainda havia esperança.
Acrescentei estradot ao protocolo, por orientação da minha médica.

No 10o dia do ciclo, fui pra SP fazer a aplicação do PRP (que comentei no post anterior). Pra minha (feliz!) surpresa, o endométrio havia dado um salto em 1 dia - passou para 6,2mm. Não é láaaa grande coisa, mas motivo de comemoração pra mim, porque na outra tentativa, ele empacou em 5,8-5,9mm.

Mantive as medicações e voltei na sexta, dia 26, para a segunda aplicação do PRP. Um novo US e: ENDOMÉTRIO COM 7MM!! Lindo que só vendo... Isso antes de fazer a segunda aplicação, ou seja, ainda com chance de crescer mais um pouquinho.

Me senti vitoriosa, quase como se tivesse um positivo em mãos. Pra algumas meninas pode não ser nada, mas pra mim, cada etapa é uma vitória, porque foi mais um passo dado (e todos os meus caminhos tem um milhão de pedras no meio, nunca é simples).

Ontem, iniciei a progesterona. Iniciei também clexane e prednisona. (tenho mutação heterozigota mthfr e optamos por usar clexane mesmo assim e a prednisona é para evitar qualquer "ataque" ao embrião como corpo estranho).

Transferência marcada para sexta.
E assim eu sigo, esperançosa. Não sei qual será minha reação se não der certo (tenho muito medo dela - da minha reação), mas no momento, tenho uma sensação boa quando penso no meu embriãozinho. Minha menina no meu ventre, é tudo que eu sempre sonhei.

Mando notícias (boas ou ruins) mais pra frente.
Um beijo,