24/06/2021

Será que um dia isso muda?

 Sumi por quase 3 anos.

Acho que não tinha muita coisa pra contar e perdi o hábito de escrever pra ninguém, como um diário.

Mas esses dias tenho sentido uma necessidade enorme de colocar meus sentimentos pra fora - já faço terapia 1x semana, mas acho que não está sendo suficiente.

Minha princesa já fez 3 anos. Ela é incrivelmente linda, amorosa, extremamente apegada a mim, inteligente, esperta. É realmente uma benção na minha vida. 

Ainda amamento. Ja são 3a4m de amemtação e não consigo ver o final dessa história. Ela ama o mamá da mamãe, se acalma com ele, dorme com ele e chora sempre que eu nego. Eu não sei lidar com o choro dela e simplesmente não encontro forças pra encerrar essa etapa. Eu queria muito um desmame natural, 100% guiado por ela, mas até o momento, ela nem deu sinais disso.

Quando minha pequena fez 2 anos, eu menstruei pela primeira vez depois do nascimento dela. Até aquele momento, a idéia de um segundo filho não passava pela minha cabeça. No início era principalmente porque cuidar dela e trabalhar fora me deixava exausta. Ela nunca dormiu bem, sempre cuidei sozinha dela nas madrugadas, adoeci algumas vezes por conta disso... Mas apesar do cansaço não ter melhorado tanto, com o tempo eu me acostumei a ele. E comecei a pensar que um segundo filho seria uma coisa muito feliz na minha vida.

E voltei a fazer teste de ovulação e ter a esperança todos os meses de uma gravidez natural.

Queria entrar naqueles casos incríveis de mães que tentaram anos, fizeram FIV e depois absolutamente do nada, engravidaram naturalmente. 

Não foi o meu caso.

Meu marido não queria outra FIV e eu não queria considerar a idéia de não tentar. Depois de alguns meses, entramos num acordo: tentaríamos 2x - eu pagaria uma e ele a outra.

E setembro de 2020, fiz uma coleta. 5 óvulos. Consegui 2 blastocistos. Ambos aneuplóides. Fiquei muito triste, demorei alguns meses pra querer tentar de novo, mas pensava "é só questão de conseguir um normal!".

Daí optei por mudar de clínica, pra uma mais barata e poder com o valor de uma na atual, fazer duas na mais barata.

Em março de 2021, fiz uma nova indução. 3 óvulos. Nenhum embrião. Nada nem para testar. 

Meu mundo caiu. Dessa vez fiquei mal. Conclui que talvez não seja questão de encontrar um normal. Talvez eu não consiga nenhum normal. 

Eu tenho 38 anos. Minha reserva ovariana atual é horrível. Meu AMH é 0.44. Eu fui sortuda demais com a Malu e achei que talvez isso pudesse acontecer de novo.

Eu resolvi tentar transferir um dos embriões aneuplóides. Li muito a respeito, vi casos de sucesso, falei com geneticistas e resolvi arriscar. Ganhei um negativo, de cara. 

Durante esse ano e meio de tentativas, eu me apoiei na minha filha pra conseguir ainda ser grata a Deus. Mas confesso que minha fé anda muito abalada e eu não entendo porque tenho que passar por isso.

Já sofri tanto pra tentar engravidar pela primeira vez... Não foi suficiente? Por que todas as pessoas simplesmente resolvem quantos filhos querem ter e eu não posso ter esse sonho? 

Sei que pra quem ainda não tem nenhum filho, eu pareço egoísta. Deveria apenas agradecer - e eu agradeço, muito, muito, todos os dias. Agradeço em todos os momentos que estou com a minha filha. Não existe nada nesse mundo que eu ame mais. Nada que me traga sentimentos tão maravilhosos. 

Mas a infertilidade me mudou. EU não sou e nunca mais serei a mesma. Não sou igual às outras mães. Nem igual às outras mulheres.

Meu coração sonha viver tudo de novo - de uma forma mais leve, mais tranquila, em que eu consiga curtir todos os momentos. Minha gestação não foi tranquila. Meu parto não foi tranquilo. Minha maternidade também não foi. Quero experimentar isso, com o coração que eu tenho hoje. 

Não sei meus próximos passos. Não sei se tentarei de novo, ou quando.

Mas meu coração ainda não conseguiu apagar esse sonho.