14/06/2016

E ontem eu chorei.

Há muitos anos, eu tinha um blog. Não desses de moda, do tipo de blog que a gente encontra o tempo todo na internet, mas desses blogs pessoais. Eu falava da vida, contava meus casos e causos, dividia meu sofrimento e fiz várias amizades. Algumas passaram pra vida real, outras continuam no virtual, mas viraram amigas mesmo.
Isso já tem mais de 15 anos.

E hoje, eu resolvi voltar aqui. Criar um novo blog, pra dividir com sei lá quem (ou que seja com ninguém) todo meu sofrimento. Desabafar, mesmo que seja na forma de um diário e que ninguém leia.

O título hoje, e que acabou virando o nome do blog, é literal. Ontem eu chorei. Muito. Um pouco mais do que nos outros dias, mas não dá pra dizer que foi o dia em que mais chorei.
Porque o choro tem se tornado frequente. E pra ser sincera, não acho que passe pelo menos um dia em que eu não derrame ao menos uma lágrima. Quando começo a pensar em tudo que estou vivendo, meu olho sempre acaba marejando... E alguns dias são piores e eu acabo aos prantos, como ontem.

Há muito tempo, a história do relógio biológico se tornou realidade na minha vida. Casei aos 28 anos, coloquei DIU, com a certeza de que não pensaria em filhos por uns 3 anos pelo menos. A vida acabou mudando um pouco os planos e eu tive que adiar mais do que isso. Mas quando passei dos 30 anos, o reloginho começou a despertar e o desejo de ser mãe se tornou parte de mim, apesar de eu saber que isso ainda não seria possível...
Há exatamente 1 ano e 2 meses, aos 32 anos, quando não tinha mais nada inadiável na minha vida, eu tirei o DIU. E à partir daquele momento, virei uma tentante oficial.

Os primeiros meses foram um tanto desencontrados. Não entendia muito do meu corpo, não sabia meu período fértil, o marido não queria muito... Depois de uns 4 meses, comecei a pesquisar e entender e o marido a entrar na onda. Só que nada acontecia. Depois de 7 meses eu já me sentia angustiada, chorando a cada teste negativo e sentindo que alguma coisa estava errada.

Não sei ao certo porque, mas eu sempre tive um feeling de que teria problemas pra engravidar. Mas era aquela coisa boba, que eu tentava ignorar e que vinha à tona quando eu não entendia porque o tempo estava passando e nada acontecia...

Meu G.O. achava tudo normal, justificava pelo fato de que eu não via o meu marido com a frequência devida, mas eu sabia que não era isso.

Com 10 meses, procurei um especialista em reprodução, que antes de descobrir o meu problema, já disse que talvez uma fertilização fosse o mais indicado! Como assim? Mas pelo menos, foi ele quem pediu a histerossalpingografia e à partir daí, eu fui descobrir qual é o meu problema real.

Pula pra hoje: já fiz 2 HSG, e no final, tenho uma trompa boa e uma que não dá pra saber se é espasmo e obstrução. Tudo isso me levou a pesquisar sobre FIV e por isso acabei fazendo diversos exames que me levaram ao meu diagnóstico: baixa reserva ovariana - ou seja, meus ovários e óvulos, envelheceram bem antes do resto do meu corpo.

Tenho um FSH alto (15), um antimulleriano bem baixinho (0,77) e chances pequenas em qualquer tentativa: seja natural, seja coito programado, inseminação ou fertilização.

E durante esse prazo todo de investigações (essa semana faço o último exame, uma histeroscopia), todas as pessoas ao meu redor engravidaram, até as mais improváveis. E acabei criando um certo pânico de eventos sociais - estar 100% do meu tempo livre ao redor de grávidas (e invariavelmente ninguém fala de mais nada além de gravidez e filhos) não tem facilitado a aceitação da minha realidade.


Cheguei num ponto de duvidar da justiça e da bondade de Deus. Afinal, que justiça é essa que permite que eu sofra tanto e outros consigam tudo com tão pouco esforço?

Já pedi perdão por me sentir assim e sei que devo estar errada, que Ele sabe o nosso tempo e só Ele conhece os nossos caminhos. Mas nesse momento, não consigo me sentir de outra forma.

E não consigo não chorar todas as noites.

10 comentários:

  1. Também tenho um blog para desabafar, criei quando comecei a vida de tentante... Vou te acompanhar =)

    aguardandodestino.blogpost.com
    Beijos

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    1. Te acompanhando já... E já li boa parte dos seus post!

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  2. Minha linda, sinta um abraço muito forte! Tb tenho blogs desde que blog era diário... Até hoje ele era fechado, mas vou abrir para adicionar vc e outras amigas tentantes... Tb estou na luta vai fazer um ano e sofro de transtorno depressivo ansioso... Isso faz esse tempo parecer eterno! Estamos juntas nesta luta e não se esqueça: para Deus, nada é impossível!

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    1. Acho que temos os mesmos problemas, também sou extremamente ansiosa e no momento, não consigo ficar sem medicações para isso... =(

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    2. M., também gostaria de usar medicações, mas tenho receio pois pretendo engravidar. As que tu usa, podem ser usadas por gestante? Você saberia informar? =/ Bjs

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    3. mom 20xx - minha psiquiatra disse que tem várias pacientes que permaneceram a gestação toda, sem problemas. Mas eu pretendo parar quando engravidar, porém até lá, tomo sem me preocupar pois troquei a medicação justamente por uma que traga o menor risco possível caso eu engravide. Se assim eu já tenho minhas crises de ansiedade e tristeza, sem a medicação, eu acho que não aguentaria! =(

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  3. ... Acabo de encontrar seu blog, estou chorando um oceano aqui! Minha história é longa e cheia de dor: estou na luta há dez anos, todos os exames possíveis, todos os tratamentos imagináveis, quase todas as lágrimas choradas, ao todo foram 07 FIVs com resultados negativos... e acho que não cheguei aqui por acaso! Estou me preparando para uma FIV com óvulos doados, que deve acontecer nos próximos dias, esperamos 260 dias ou 38 semanas e 5 dias por uma doadora compatível❤❤❤ e eu sinto que estou nas nuvens agora, mas nesse período, investigando causas para as falhas de nossos tratamentos, descobri que tenho uma trombofilia genética (MTRHF) para o gene C677T em homozigose, normalmente essa doença causa aborto e outros problemas relacionados a tromboses, mas como nunca engravide, talvez seja essa a causa de minha infertilidade. Peça ao seu médico para pesquisar trombofilia, leia sobre e não desista. Receba minhas preces e vibrações de amor e luz, sua dor e suas lágrimas são minhas conhecidas!😢

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  4. Querida, não se preocupe com a trombofilia! Tratando adequadamente, você terá uma gestação linda e saudável, só com picadinhas doloridas diariamente, que tenho certeza que não serão nada perto do sofrimento que você tem vivido nesses 10 anos de tentativas. Mande notícias, torcendo muito pra que você engravide e tenha uma gestação maravilhosa! Um beijão!

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  5. Coincidência ou não, eu também tive um feeling de que sofreria e demoraria para engravidar, afinal, para mim as coisas nunca foram fáceis. Sempre tudo foi uma batalha, muita luta e sofrimento para conseguir, e com a gravidez não seria diferente.
    Quisera eu tivesse enganada, mas é a mais pura realidade...

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    1. Vc tem postado como anônima, acrescenta um apelido, assim fica mais fácil relacionar a história à pessoa!
      Nada na minha vida foi fácil tbém e é uma das coisas que questiono tanto. Por que pra uns é tão simples e pra outros tão difícil?

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