17/08/2016

Contagem regressiva

Eu não sei ao certo quando vou iniciar a minha indução.
Me organizei para ter folga no trabalho no final de setembro, então o médico irá calcular a partir daí.
Tenho consulta dia 29 para definir toda a estratégia, medicações, programação.

Durante esse quase 1 ano e meio de tentativas, eu programei e reprogramei a minha vida um milhão de vezes. Programei que iria esperar até o último minuto para decidir o vestido que seria madrinha de casamento em setembro, porque precisava saber de quanto tempo estaria para saber se a barriga caberia no vestido. Programei que não poderia ir para o nordeste em março (que acabou virando maio), porque com essa onda de Zika, seria arriscar demais e eu passaria a viagem toda tensa, afinal, na minha cabeça eu estaria grávida nas férias.
Programei também não comprar passagem para nenhum dos diversos casamentos que tenho esse ano, porque não sei como estará a minha situação até lá.

Também já vi o filme do meu teste positivo e de como contarei/contaria para o marido, família, amigos, muito mais de um milhão de vezes. Passei meses literalmente sonhando com diversos testes com duas listras e acordando triste e frustrada por ser só mais um sonho.

Acreditei de verdade que a cirurgia espiritural poderia dar certo e logo logo estaria anunciando a minha gravidez.

Nada disso aconteceu.

Ontem cheguei a conclusão de que a maior dificuldade disso tudo pra mim é aceitar que nem tudo na vida pode ser controlado.

Toda a minha trajetória profissional foi longa, complicada e difícil. Mas dependia de mim - da minha dedicação, do meu estudo, do meu esforço. Meus últimos vários anos foram focados nisso, e apesar de eu ter rezado muito e pedido ajuda a Deus pra concretizar todos os meus sonhos, eu me sentia merecedora porque sempre me esforcei demais.

Mas hoje, me sinto perdida, incapaz, frágil e vulnerável. Sempre me julguei alguém com muita fé e confiança em Deus, mas durante toda essa minha trajetória, vi que eu ainda preciso confiar muito mais. Que o tanto que eu entrego à Ele não é suficiente para trazer paz para o meu coração e a minha vida. Só que não sei como fazer isso.

Às vezes me imagino recebendo o milagre de uma gravidez natural e pensando "quando eu mais duvidei da bondade de Deus, ele me provou que sempre esteve ao meu lado". Mas sei que Deus se mostra pra quem já crê e não ao contrário. Ou seja, a minha falta de fé, O afasta cada vez mais de mim e da minha vida.

Como mudar isso? Como acalmar meu coração e me apegar mais ao amor de Deus?

Se alguém souber como me ajudar, estou totalmente aberta!
Um beijo,


7 comentários:

  1. Querida M.,

    Acredito que coisas de Deus são bem simples, nós é que complicamos tudo. Talvez pela influência dos rituais que as religiões nos impõem. (Me refiro a todas as religiões, sem especificar A ou B).

    Acredito que Deus é , simpelsmente, amor, e por isso, não precisamos de rituais para chegar até Ele, nem mesmo de palavras rebuscadas e bonitas.

    Quantas e quantas vezes orei a Ele dizendo: desculpe não ser a filhinha boazinha e compreensiva que eu acho que deveria ser nesse momento, mas prefiro te apresentar um coração sincero a colocar uma máscara com a qual não conseguirei me esconder perante o Senhor...
    Acho que Ele também prefere assim...
    Acho que devemos agir dessa forma sincera perante Ele, sempre com muito respeito e temor.

    Caso queira trocar idéias, estou a disposição e iria adorar! Quero debater com pessoas que legitimamente, para mim, têm propriedade para conversar e opinar sobre os assuntos que nos rodeiam, já que estão sentindo na pele a dor que enfrentamos todos os dias.
    blog.enquantomeubebenaovem@gmail.com

    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ana, admiro demais essa sua simplicidade em falar de Deus. Quando criança eu tinha uma relação muito "íntima" com Deus. Lembro que voltava a pé da escola, conversando em voz alta com Ele, como se conversasse com um amigo... Parece que fui ficando mais velha e as formalidades foram surgindo, sabe? Como se DEus tivesse se tornado mais distante e nossa relação muito mais formal. Não sei se isso é absurdo, mas acho que é a forma mais adequada pra descrever o que eu sinto hoje...
      Vou te escrever um email, sinto tanta falta de pessoas na minha vida real que entendam de verdade o que eu estou vivendo!

      Excluir
  2. Oi M, fiquei emocionada ao ler seu texto, entendo perfeitamente como está se sentindo. Desejo que Deus acalme o seu coração,Ele está olhando por vc e pelo seu marido. Confie!
    Pense que está quase chegando a hora de iniciar o tratamento e que em breve vc estará com seu guerreirinho crescendo no seu ventre.
    Vc está nas minhas orações. Iremos conseguir nosso positivo, com a graça de Deus!
    Beijos
    Ptt(Fiv-Amadurecimento da Alma)
    http://fivamadurecimentodaalma.blogspot.com.br/?m=1

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O que me falta é a confiança de acreditar que é só questão de (pouco) tempo. Meu medo é viver isso pra sempre, é nunca acontecer! =( Você também sempre está em minhas orações, incrível "conhecer" assim pessoas tão especiais e parecidas com a gente, né?

      Excluir
  3. Queria saber como confortá-la, mas eu não sei, porque você sou eu. Me identifiquei com tantas coisas que você disse, com a roupa do casamento que eu não comprei porque achei que estaria grávida, com a viagem que deixei de fazer porque estaria grávida, penso sempre em escrever sobre isso, mas acabei não o fazendo. Enfim... é duro. Um beijo pra vc.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Minha única vontade nesse momento era estar aí pertinho e te dar um abraço! Não desejo a dor que passamos pra ninguém e gostaria do fundo do meu coração que ninguém mais precisasse passar por esse sofrimento. Que Deus seja capaz de confortar nossos corações!

      Excluir
  4. M. obrigada pelo e-mail, já respondi. Hoje, ao reler esse texto, como você se sente? Como você vê o que você escreveu agora que você conseguiu realizar seu sonho? Estou nesse momento de revolta, as vezes me sinto ingrata com Deus, pois afinal tenho uma vida maravilhosa e não consigo me sentir feliz, nem grata, nem otimista.

    ResponderExcluir